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A crença no fim dos tempos e seus efeitos na psique coletiva

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O anúncio de profecias sobre o fim do mundo acompanha a história da humanidade. A ideia de um instante decisivo, no qual tudo se transforma ou se extingue, surge em diferentes tradições religiosas e ganha novas formas na contemporaneidade, especialmente com a difusão pelas plataformas digitais.
 
No meio cristão, uma dessas concepções é o chamado arrebatamento, que prevê o encontro dos fiéis com o divino em um momento de ruptura da ordem terrestre. Essa narrativa, reavivada em discursos recentes, tem circulado intensamente nas redes sociais e mobilizado debates sobre fé, medo e esperança.
 
Do ponto de vista psicológico, fenômenos como este revelam a necessidade humana de atribuir sentido ao desconhecido. Situações de incerteza, sejam elas políticas, sociais ou ambientais, favorecem a emergência de interpretações apocalípticas, que oferecem ao mesmo tempo temor e consolo.
 
"As profecias cumprem uma função psíquica de organizar a experiência diante daquilo que escapa ao controle humano. Elas podem tanto reforçar angústias quanto oferecer um horizonte de redenção, dependendo da forma como cada indivíduo as elabora internamente", explicou a neuropsicóloga Maria Klien.
 
Esse tipo de crença também atua coletivamente, ampliada pela força comunicativa das redes digitais. A repetição de mensagens, imagens e testemunhos contribui para intensificar sentimentos de pertencimento, ao mesmo tempo em que pode alimentar inseguranças difusas e reações emocionais intensas.
 
Segundo especialistas, não se trata apenas de religiosidade, mas de um recurso cultural que permite lidar com a vulnerabilidade existencial. Ao imaginar um desfecho último, a mente humana busca prever e se preparar, ainda que simbolicamente, para a experiência inevitável da finitude.
 
"A expectativa de um fim iminente é uma forma de projetar no futuro questões que pertencem ao presente. O medo da perda, a esperança de reencontro e o desejo de justiça são condensados nessas narrativas", destacou Maria Klien.
 
Em diferentes épocas, tais profecias ressurgem com novos protagonistas e datas específicas, mas sua permanência indica algo mais profundo: a dificuldade de conviver com a imprevisibilidade da vida e a necessidade de criar narrativas que ofereçam uma sensação de ordem.
 
Do ponto de vista clínico, a recomendação é observar como cada pessoa se relaciona com tais discursos. Para alguns, funcionam como suporte espiritual; para outros, podem desencadear crises de ansiedade e sentimentos de desamparo.
 
"Ao acolher essas experiências, a psicologia busca compreender menos a veracidade do enunciado e mais os efeitos emocionais que ele produz. O essencial é favorecer espaços de reflexão e diálogo, nos quais o indivíduo possa reconhecer seus medos e encontrar recursos para lidar com eles", concluiu Maria Klien.
 
Sobre Maria Klien
 
Maria Klien exerce a psicologia, se orientando pela investigação dos distúrbios ligados ao medo e à ansiedade. Sua atuação clínica integra métodos tradicionais e práticas complementares, visando atender às necessidades emocionais dos indivíduos em seus universos particulares. Como empreendedora, empenha-se em ampliar a oferta de recursos terapêuticos que favorecem a saúde psíquica, promovendo instrumentos destinados ao equilíbrio mental e ao enfrentamento de questões que afetam o bem-estar psicológico de cada paciente.
 
(Por: Press Manager)